sábado, 20 de dezembro de 2008

Livros de Referência como prenda de Natal


A poucos dias do Natal, deixamos aqui mais algumas sugestões de livros para presentes, desta vez num âmbinto mais realista.

De Itália, Os Padrinhos, do journalist Robert Olla, fala-nos sobre as vidas e crimes dos gangsters da máfia, editado em Portugal pela Editorial Presença.

Dos primórdios da máfia na Sicília, pela chegada dos emigrantes italianos aos Estados Unidos, passando pelas duas guerras mundiais, pela época da caça às bruxas nos Estados Unidos, à actualidade, o autor relata neste livro, alguns factos desconhecidos ou escondidos pela História, relativos a uma das organizações clandestinas mais antigas e influentes do mundo - a máfia italiana, com os seus tentáculos americanos, em Chicago e Nova York.

Os padrinhos, as lendas, o papel na 2ª Guerra Mundial e alguns dos crimes cometidos, são aqui relatados, fruto de uma investigação minuciosa, que passou por pesquisa em arquivos e entrevistas a especialistas, algumas reproduzidas no fim do livro, como por exemplo, a conversa com Rudolph Giuliani.

Um desvendar de histórias, de uma organização que inspirou muitos livros, filmes e lendas.

Também sobre uma organização, mas esta de caracter oficial, História da CIA, Um Legado de Cinzas, do jornalista do New York Times e vencedor do Prémio Pulitzer Tim Weiner, numa edição da Difel.

O livro está dividido em seis partes, tem ao todo 50 capítulos e uma vasta bibliografia, que reflecte a exaustão e o cuidado com a pesquisa e com a confirmação dos factos relatados.

Nesta obra, o autor desvenda-nos a história de um dos serviços de informação mais famosos do mundo, a sua evolução desde o pós-guerra, ao papel desempenhado durante a Guerra Fria, até aos ataques terroristas mais recentes.

Fragilidades e segredos, as falhas, a investigação da morte do presidente Kennedy, a chefia de Edgar Hoover, a presidência de Nixon, o Vietname, as relações com o mundo árabe, a situação actual e o caminho a seguir para sobreviver no futuro, são alguns dos aspectos abordados neste livro. Do passado, ao presente, apontando para o futuro.

Se quisermos que a América tenha um futuro próspero, necessitaremos de informações de grande qualidade. Uma forma de começar é ensinar uma nova geração a conhecer o inimigo.

Tim Weiner

Uma obra de referência e fundamental para ajudar a compreender a mentalidade e a história contemporânea americana.

Dos Estados Unidos para Portugal, Negócios Vigiados, da autoria de Filipe S. Fernandes e Luís Villalobos, um relato sobre as relações entre a PIDE/DG - Polícia Política de Salazar e as empresas portuguesas, no Portugal do Estado Novo.

Prémio Pessoa em 2007, este livro relata-nos da forma mais factual possível, a relação das grandes empresas existentes em Portugal e nas colónias durante o Estado Novo, dos pagamentos, às informações, as ameaças aos empresários que não alinhavam com a PIDE, os informadores em cada empresa, os controlos dos operários, tentativas de revolta, protesto e insurgeição que surgiam, até ao número de acções em posse das empresas, são aqui desvendados.

As relações com Champalimaud, com os Mello, os Pinto Basto, os Espírito Santo, entre outros grandes nomes são aqui descritas e até esclarecidas. A PIDE vigiava tudo, desde a comida nas cantinas, às peças de teatro que os empregados víam, a rádio que ouvíam e as cartas que se escreviam, tudo era controlado e não passava em branco.

As fugas e perseguições, o medo e a vergonha, a pobreza encapuçada e a ambição sufocada, são algumas das histórias, que os autores, ambos jornalistas da área de economia, nos contam neste livro, num relato vivo e dinâmico, que termina com o 25 de Abril de 74 e consequente nacionalização das grandes empresas, num retrato político e social do país durante o regime salazarista, numa edição da Oficina do Livro.

Ainda no Estado Novo, a Esfera dos Livros traz-nos mais um volume da colecção História do Século XX, da autoria de Joaquim Vieira, Mocidade Portuguesa - Homens para Um Estado Novo.

São 277 páginas com fotografias, ilustrações, reproduções e textos, que contam a história de uma das organizações juvenis mais relevantes na cultura e vida do país, durante o Estado Novo, muito à semelhança do que acontecia em outros países de regimes totalitários e fascistas.

Num país "cinzento" e de brandos costumes, em que poucos jovens íam à escola e raras famílias tinham televisor em casa, a mocidade portuguesa era às vezes uma alternativa.

Aqui aprendiam-se actividades, faziam-se amigos, formavam-se espíritos e caracteres, tudo para o bem do país, pelo menos, até à idade de ir para a tropa e em alguns casos, para o ultramar proteger as colónias e a presença portuguesa.

Lá vamos, cantando e rindo,
levados, levados, sim
pela voz de som tremendo
das tumbas, clangor sem fim...

Refrão do hino da Mocidade Portuguesa

Uma obra de referência para conhecer melhor um "grupo" e uma época da nossa História do século XX.

1 comentário:

ermita disse...

E pum, estragaste a entrada com um texto ultra facho sobre o livro da M.P. que, já agora, não era alternativa nenhuma, era uma obrigação. Era a imitação lusa da juventude hitleriana e o que lá se aprendia era a obedecer, que sempre foi uma óptima maneira de reprimir a iniciativa e as ideias próprias. No texto, mais parece que estás com uma espécie de saudosismo deturpado sobre um tempo que não viveste (daí que seja deturpado)e aparecem lindezas como "tudo para o bem do país" e "proteger as colónias e a presença portuguesa" - ??!!! Mas tu andaste a abusar da aguardente, ou que raio foi isto? Porque esta coisa não és tu. Ou pelo menos espero bem que não.